A corrente de radiofrequência é uma corrente que se assemelha à corrente de rádio no que diz respeito à frequência das correntes. Porém, distinguem-se nos sistemas mecânicos e nas oscilações eletromagnéticas por terem propriedades exclusivas diferentes de correntes alternadas, ou seja, as propriedades das duas apesar de semelhantes se diferenciam.
Ação da Terapêutica da Radiofrequência:
- A curto prazo: vasodilatação – ativação do metabolismo celular do sistema circulatório da região tratada e aumento da elasticidade das fibras de colágeno (figura 1) com diminuição de sua densidade com temperaturas menores de 37°C.
Figura 1: Aumento da elasticidade das fibras de colágeno
- A longo prazo: lesão térmica (instalação de processo inflamatório) com consequente estimulação fibroblástica com maior produção de colágeno e elastina: aumento da densidade das fibras de colágeno com temperaturas superiores a 38°C, sendo o ideal entre 40°C e 42°C (figura 2)
Figura 2: Produção de um novo colágeno após a lesão térmica.
Ronzio (2009) relata que na dermatologia utiliza-se a radiofrequência de forma não ablativa, causando a ampliação da elasticidade de tecidos ricos em colágeno, pois acréscimos leves de temperatura, a partir de 5º a 6ºC da temperatura da pele, ampliam a extensibilidade e reduzem a densidade do colágeno, melhorando patologias como celulite (com fibrose) e fibroses pós-cirurgia plástica.
Entretanto, aumentos maiores de temperatura e manutenção em 40ºC durante todo o período de tratamento diminuem a extensibilidade e aumentam a densidade do colágeno, conseguindo assim melhorar a flacidez da pele, rugas e estrias, promovendo a redução da elasticidade em tecidos ricos em colágeno.
Corroborando com Ronzio, Lehmann (1990) declarou que aumento de temperaturas de 3° a 5°C, acima da temperatura de base, aumentará a extensibilidade do tecido, permitindo, deste modo, que o terapeuta trate os problemas crônicos do tecido conjuntivo.
No momento que o organismo detecta uma maior temperatura que a fisiológica, aumenta a vasodilatação com abertura dos capilares, o que melhora o trofismo tissular, a reabsorção dos líquidos intercelulares excessivos e o aumento da circulação.
Rosado (2006) descreve que a contração do colágeno ocorre através do desdobramento da tríplice hélix quando as adesões intermoleculares cruzadas, que são sensíveis ao calor, são destruídas e a tensão de cruzamento das uniões intermoleculares residuais estabiliza-se com o calor.
O comportamento de indução de calor do tecido conectivo e a quantidade de contração do colágeno dependem de vários fatores, incluindo a temperatura e sua manutenção, tempo de exposição à radiofrequência e o stress mecânico aplicado no tecido durante o processo de aquecimento.
Figura 3: Efeito de contração de colágeno desencadeado pelo calor.
Parâmetros de Programação:
Tempo de aplicação:
A sugestão é de 2 a 5 minutos por área de manopla.
Ex.: Se a área de aplicação for a região abdominal, deve-se contar quantas manoplas encaixam-se nesta área corporal. Se forem 10 manoplas, o tempo de aplicação seria de 20 minutos no mínimo.
Potência ou Dose:
A máxima que o paciente tolerar sem desconforto e até chegar à temperatura adequada.
Frequência:
Regiões mais superficiais – frequências maiores de 1200 KHz e 2400 KHz (ex: estímulo de colágeno).
Regiões mais profundas – frequências menores de 650 KHz (ex: tratamento de gordura).
Cabe lembrar a profundidade de penetração da radiofrequência e a função inversa de sua frequência (figura 4).
Figura 4: Diferentes profundidades atingidas pela radiofrequência, conforme a frequência (medida em MHz).
Formas de Aplicação:
Hexsel et al. (2013) relatam que entre as formas de aplicação encontram-se a monopolar (unipolar) e a bipolar (tripolar – multipolar).
Na RF monopolar a corrente elétrica é emitida por meio de um eletrodo aplicado à área de tratamento e retorna ao gerador através de um eletrodo de dimensões maiores localizado a distância (geralmente no dorso e abdome). A energia elétrica concentra-se próxima à ponteira do eletrodo ativo e diminui rapidamente com a distância, gerando atuação terapêutica mais profunda.
Já a RF bipolar apresenta os eletrodos de saída e retorno da corrente na própria ponteira (figura 5), gerando dessa forma um circuito elétrico de efeito terapêutico mais superficial em relação à RF monopolar.
Métodos de Radiofrequência:
A energia gerada pelo aparelho de radiofrequência pode ser dividida em três formas: Capacitiva, Resistiva e Indutiva. O eletrodo considerado capacitivo (aquecimento gradual) e/ou resistivo (aquecimento rápido) possui a função básica de gerar e armazenar energia quando aplicado em contato direto com a pele; com isso essa energia será liberada, promovendo a elevação da temperatura. O sistema indutivo, menos utilizado, é aplicado por uma manopla especial de vidro que separa o eletrodo gerador de energia da pele.
Análise dos Resultados:
O tempo da verificação de análise dos resultados do tratamento referente à radiofrequência não se deve limitar apenas a dados colhidos imediatamente após o tratamento. Isso se deve ao fato de que o colágeno continua o processo de reestruturação até mesmo 6 meses após o estímulo térmico na temperatura adequada.
Estudos de Atieyh et al. (2009) e El-Domyati et al. (2011), em comum com Sadick et al. (2005), realizaram a avaliação também 3 meses após o final de tratamento, obtendo resultados positivos em relação ao pós-tratamento, confirmando assim que a neocolagênese continua ocorrendo no tecido mesmo após não receber mais o estímulo térmico; ou seja, como resultado do aquecimento do tecido, além das fibras colágenas contraírem, ocorre também a neocolagênese progressiva, onde observam-se os resultados ao longo do tempo. Porém, os autores não chegaram a um consenso comum sobre qual seria esse tempo.
O número de sessões pode variar entre 6 e 10 sessões com resultados visivelmente positivos. Quanto ao intervalo entre os tratamentos, também há divergência na literatura. El–Domyati et al. (2011) e Montesi et al. (2007) sugeriram o tempo de duas semanas como intervalo, e Javata et al. (2011) de apenas uma semana.
Entre os estudos analisados por Belenky et al. (2009), Elsaie et al. (2009), Atieyh et al. (2009) e Alster e Lupton (2007) não houve um consenso estabelecido entre as sessões, variando de uma semana até 3 semanas e a partir de qual semana observam-se melhores resultados. Cabe ressaltar que o efeito térmico da radiofrequência no tecido causa um processo inflamatório (em altas temperaturas), levando a uma reação do organismo ao processo agressor; sendo assim, o organismo desencadeia todas as fases do processo de cicatrização.